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sábado, 9 de junho de 2012

Sereias sempre voltam para a Imensidão


Abaixei-me para que pudesse ficar mais próximo do meu destino, e ela, gentilmente, nadou até mim em retribuição.
-Suspeito que te perdi para água. –disse-lhe sorrindo.
-Sempre sucumbimos às atrações dos primeiros amores.
“Zombeteira como sempre”, pensei, “e como, suplico aos céus, que nunca deixe de ser”. Puxou-me pela nuca e beijou meus lábios, ela, por dentro era tão pura e profunda quanto poderia ser por fora. Os pensamentos esvaiam-se de minha mente, e eu me sentia indo cada vez mais profundo em sua imensidão; até que fui atingido por um jato d’água, abrindo meus olhos instintivamente (e fechando-os tão rápido quanto o primeiro gesto), percebi que era meu corpo que mergulhava de encontro a ele.
Senti-me emergindo, com seu leve toque em minha pele, e antes que pudesse protestar senti seus braços abrangendo minha singela imensidão corpórea, e seus lábios sussurram em meu ouvido:
-Gosto d’água, pois me sinto nadando em seus olhos.
Pra sempre ela seria minha sereia de água doce.